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Corrid espacial e revolução digital

Sem a corrida espacial não haveria revolução digital!

Os contemporâneos avanços tecnológicos no setor de telecomunicações remodelaram as relações sócio-econômicas e culturais em todo o globo. A evolução microeletrônica primordial foi impulsionada a partir da corrida espacial, que proporcionou o advento da revolução digital.

Os investimentos em ciência e na exploração espacial trouxeram vasta contribuição ao conhecimento e agregaram novas perspectivas humano-filosóficas para a sociedade. Possibilitaram o desenvolvimento de inovações tecnológicas que viabilizaram as expansões econômicas observadas na era da informação.

Contexto histórico

Após o final da segunda grande guerra, além dos escombros, o mundo estava dividido em dois grandes blocos – o capitalista, liderado pelos EUA, e o socialista, capitaneado pela URSS.

Estas nações travaram uma crescente militarização e produção de armamentos, misseis e ogivas nucleares de destruição em massa e alto impacto planetário. Este período de tensão geopolítica ficou conhecido como Guerra Fria.

A rivalidade ideológica entre os blocos capitalista e socialista no período após as grandes guerras, ocorreu em vários setores. Nas frentes militares, diplomáticas, econômico-comerciais, esportivas e no campo tecnológico.

Um dos poucos legados deste tenso período competitivo foram os vultuosos investimentos em ciência e tecnologia, que culminaram nos programas espaciais. Muitos cientistas, principalmente alemães, após a hecatombe do império nazista, foram contratados pelas duas grandes potências.

Evolução da microeletrônica

A corrida espacial fomentou o desenvolvimento da microeletrônica. Os benefícios dos pesados investimentos no setor de aeronáutica dos anos 50 e 60, foram determinantes para a miniaturização dos componentes eletrônicos e desenvolvimento dos circuitos integrados que viabilizaram o advento da revolução digital.

Staff da missão Apollo 11. (Reprodução: NASA)

A necessidade de miniaturização dos componentes eletrônicos, cujo intuito era melhor alocar o espaço interno e reduzir o peso dos equipamentos em satélites artificiais e foguetes, fomentou o desenvolvimento da microeletrônica e dos circuitos integrados.

A pesquisa de novos materiais e ligas de maior resistência foi incrementada para adaptação às adversidades do ambiente espacial, que apresenta radiação cósmica, altas temperaturas e grandes amplitudes térmicas.

os circuitos integrados então foram desenvolvidos para suprir estas necessidades. A integração dos equipamentos foi contínua e beneficiada pela evolução da microeletrônica, e já em 1970 surgia o microprocessador.

Circuitos transistorizados integrados em uma única pastilha de silício (chip) de dimensões reduzidas foram concebidos. O aparecimento dos minicomputadores foi fruto da integração de circuitos microminiaturizados.

A partir deste instante, até os dias atuais, os chips tornaram-se progressivamente menores, mais dinâmicos e menos dispendiosos (Figura 2).

Corrida espacial e revolução digital

Migração tecnológica

Em função do avanço técnico-científico engendrado pelos pesados investimentos do período da corrida espacial, muitas invenções agregaram benefícios para a sociedade.

As tecnologias criadas para o lançamento de foguetes, satélites e experiências espaciais aos poucos foram integradas e adaptadas para a indústria de consumo da sociedade. Caso não houvesse estas inversões financeiras da corrida espacial não ocorreria a revolução digital na atualidade.

Em pouco tempo as empresas absorveram essas inovações e as disponibilizaram no mercado. As inovações tecnológicas expandiram-se do campo técnico e militar para propiciar diversas conveniências para a sociedade.

A aplicação da microeletrônica proporcionou maior integração dos circuitos e diminuição no tamanho dos chips. A utilização destes avanços na computação e a comunicação em rede originaram a Internet.

Nos EUA, os principais polos de pesquisas de comunicações em redes se concentravam na ARPA (Advanced Research Projects Agency), MIT e SRI (Stanford Research Institute). A base técnica da Internet surgiu a partir da ARPANET – a primeira rede a implementar o conjunto de protocolos TCP/IP.

O protótipo de uma rede integrada, nos moldes da Internet, também se fez presente no lado soviético. Ele foi desenvolvido pelo cientista Victor M. Glushkov, e permitiria acesso remoto a informações em tempo real e inspiraram a recente plataforma de computação em nuvem.

Os usos e costumes foram revolucionados, viabilizando o caminho para a informatização social, e o futuro advento dos microcomputadores. A invasão eletrônica, moldada na tecnologia analógica, logo se espraiou nos diversos segmentos.

No setor cultural, por exemplo, gerou inovações estilísticas e de costumes. O cinema, a música, a massificação das televisões e a radiodifusão experimentaram avanços sem precedentes.

Principais inovações tecnológicas

As contribuições para o avanço tecnológico e geração de novos produtos de consumo foram amplas e diversificadas. Entre elas podemos destacar algumas que favoreceram a atual revolução digital, a automação e a robótica.

Como exemplo temos o desenvolvimento do GPS (Sistema de Posicionamento Global) e da tecnologia de processamento digital de imagens. Os avanços na robótica surgiram para controlar remotamente os veículos espaciais.

Os atuais sistemas de segurança baseados em minicâmeras e webcams, ocorreram a partir dos programas aeroespaciais. Os equipamentos e detectores modernos de combate a incêndios são legados desses investimentos.

A maioria dos modernos instrumentos médicos, cirúrgicos e odontológicos são derivados desse período. Incluem-se também os aperfeiçoamentos nas próteses para uso humano e da telemedicina.

Os celulares e suas câmeras fotográficas são frutos dessas pesquisas. Já em 1957 o cientista soviético Leonid Kupriyanovich criou uma espécie de protótipo do celular moderno, o LK-1.

Era um telefone móvel – com versões que cabiam na palma da mão. Utilizava ondas de rádio, com alcance de até 30 km. A autonomia da bateria chegava a 30 horas.

A indústria do vestuário e segurança alimentar também se beneficiaram destas experiências. Os sistemas de filtragem de água foram adaptados para a vida cotidiana. Novos recursos possibilitaram a evolução automobilística, a exemplo dos pneus super-resistentes e duradouros, com ligas de aço.

O setor de jogos eletrônicos tornou-se realidade e evoluiu rapidamente. Os joysticks foram inventados para o melhor controle e pouso de aviões. Surgiram os gráficos 3D, a realidade virtual e os simuladores de vôo.

A concepção para os atuais smart homes e dispositivos conectados foram oriundos do projeto soviético SPHINX do início da década de 1980. O projeto apresentava integração entre notebook, headphones, telefone, caixas de som e computador acoplado em ampla tela.

Corrida espacial e a revolução digital
SPHINX – Projeto de Gadgets da União Soviética. (Reprodução: Revista Galileu – Moscow Design Museum)
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Ricardo Borges

Economista, geólogo e músico autodidata. Trabalha com publicidade e consultoria em marketing digital. Criador de conteúdo e pesquisador nas áreas de geociências e astronomia.

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