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A viagem galáctica do sistema solar e as extinções em massa

A viagem galáctica do sistema solar e as extinções em massa

A passagem do sistema solar por braços espirais da Via Láctea durante sua viagem galáctica pode gerar extinções em massa na Terra. Este deslocamento exerceu periodicamente significativas influências climáticas nos planetas solares ao longo de milhões de anos.

O sol, de forma semelhante às demais estrelas da galáxia, apresenta movimento próprio. Ele realiza um duradouro movimento de translação em torno do núcleo da Via Láctea, que dura cerca de 250 milhões de anos.

O sol singra através do espaço com uma velocidade de 240 km/s. Nesta trajetória ele arrasta gravitacionalmente os seus planetas que giram ao seu redor em um movimento semelhante a um vórtex.

Elegante galáxia espiral

A via Láctea, uma galáxia do tipo espiral que abriga o sistema solar, apresenta um disco com diâmetro de aproximadamente 100 mil anos-luz. O número de estrelas existentes está entre 100 a 400 bilhões.

O sistema solar localiza-se entre o centro galáctico, que apresenta um buraco negro supermassivo, e a borda do disco. A distância do sol ao centro da galáxia é de 26.000 anos-luz.

Os braços espirais da galáxia giram em consonância. E quanto mais distante uma estrela estiver do centro, menor será a sua velocidade. Naturalmente todo o sistema solar acompanha o sol nesta translação.

Influências no clima terrestre

Durante esta longa jornada, o Sol atravessa regiões siderais das mais diversificadas naturezas. A variação de matéria e energia eletromagnética espacial e os raios cósmicos influenciam o campo magnético solar e dos planetas, gerando influências climáticas.

Nestas trajetória, o sistema solar passa por regiões nos braços espirais galácticos que contém densas nuvens interestelares e que podem proporcionar interferências físico-químicas na atmosfera superior da Terra (Figura 1).

Viagem galáctica e as extinções em massa na Terra
Figura 1 – Representação esquemática da estrutura espiral da Via Láctea e da trajetória do Sistema Solar, com destaque para períodos ou modos frios (linhas azuis) e eventos de extinção em massa (círculos vermelhos). Os losangos verdes representam posições a cada 100 milhões de anos. kpc = kilo parsecs. Fonte: Gies & Helsel (2005) apud Oliveira et al, 2017.

Estas influências astronômicas no clima terrestre (cosmoclimatologia) interferem no balanço de radiação do planeta e podem acarretar extinções em massa, glaciações, regressões e transgressões marinhas.

A cobertura global de nuvens, que refletem/absorvem a entrada e a saída de radiação, relaciona-se diretamente com a incidência de raios cósmicos na atmosfera terrestre.

Viagem galáctica e as extinções em massa

Cientistas observaram que a frequência de ocorrência de impactos de grandes bólidos na Terra está associada à viagem galáctica do sistema solar. A existência de extinções em massa periódicas, muito provavelmente está associada a estes fenômenos.

Infere-se então a existência de uma relação direta entre a ocorrência de grandes episódios de impacto com eventos de extinções em massa na Terra, cujas frequências estariam atreladas ao movimento galáctico do sistema solar.

A poderosa força gravitacional exercida pela massa de nuvens de gás e poeira da Via Láctea gera perturbações na trajetória solar ao redor do centro galáctico, ocasionando um movimento semelhante a um carrossel (Figura 2).

A viagem galáctica do sistema solar e as extinções em massa
Figura 2 – Efeito Carrossel Galáctico (linha verde) – viagem galáctica do sistema solar circundando o centro da Via Láctea pode gerar as extinções em massa. Fonte: Gibney (2014) apud Oliveira (2017).

Essa atração gravitacional, que proporciona o efeito “carrossel galáctico”, condiciona o Sistema Solar a movimentos oscilatórios para cima e para baixo através do plano galáctico. Metade do ciclo deste deslocamento dura em torno de 30 milhões de anos.

Em sua longa jornada ao redor da Via Láctea, o sol, ao passar por braços espirais e em regiões de maior densidade de matéria, possibilita uma maior exposição dos planetas solares a colisões com fragmentos espaciais.

Durante estes ciclos galácticos a Terra e os demais componentes do sistema solar encontram-se quase periodicamente com nuvens interestelares.

Os movimento e efeitos do carrossel galáctico podem gerar perturbações gravitacionais nos cometas da nuvem de Oort, com produção de regulares chuvas de meteoros no Sistema Solar interior.

Matéria escura e cometas

Randal & Reece (2014), todavia, aventam hipótese da possibilidade de produção de chuvas cíclicas de meteoros serem originárias a partir da influência de uma camada mais densa de matéria escura, localizada no centro do plano galáctico.

De acordo com Rampino (2015), é possível que, durante a viajem do sol através do disco galáctico, a matéria escura concentrada nesta região possa exercer alguma perturbação na trajetória dos cometas. Geralmente eles localizam-se na porção externa do Sistema Solar.

A partir da análise da distribuição temporal das maiores extinções nos últimos 250 milhões de anos, cientistas identificaram 10 eventos que apresentam uma periodicidade de aproximadamente 26 milhões de anos (Figura 3).

Figura 3 – Nos últimos 250 milhões de anos ocorreram em torno de 10 extinções em massa, com ciclos por volta de 26 milhões de anos (linhas verticais). Fonte: Raup & Sepkoski (1984) apud Oliveira et al (2017).

Para maiores informações das influências geradas pelo movimento do sistema solar na Via Láctea sobre as mudanças climáticas na Terra, consultar o artigo: Os aquecimentos e resfriamentos cíclicos da Terra.

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Referências

OLIVEIRA M.J., Carneiro C.D.R., Vecchia F.A.S., BAPTISTA G.M.M. Ciclos climáticos e causas naturais das mudanças do clima. Terræ Didatica, 13(3):149-184. 2017.

RAMPINO Michael R. Disc dark matter in the Galaxy and potential cycles of extraterrestrial impacts, mass extinctions and geological events. Monthly Notices of Royal Astronomical Society. MNRAS 448, 1816–1820. 2015

RANDALL L., REECE M. Dark Matter as a Trigger for Periodic Comet Impacts. Physical Review Letters. 112(16):161301. 2014. [Disponível em: https://doi.org/10.1103/PhysRevLett.112.161301].

Ricardo Borges

Economista, geólogo e músico autodidata. Trabalha com publicidade e consultoria em marketing digital. Criador de conteúdo e pesquisador nas áreas de geociências e astronomia.

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