Os Biomas brasileiros e os tipos de vegetações

Conforme o Ministério do Meio Ambiente (MMA) é possível encontrarmos no território nacional seis biomas com diferenciadas características. Cada um desses biomas brasileiros apresenta variados tipos de vegetações e de fauna.

Esta distinção, portanto, entre biomas, coberturas vegetacionais e ecossistemas é imprescindível para que os diagnósticos dos problemas do meio biofísico não sejam equivocados.

Biomas, vegetação e ecossistemas

Bioma é uma unidade biológica que congrega conjuntos de ecossistemas, e que refere-se a um amplo espaço geográfico, onde predomina determinado tipo de vegetação. Os aspectos climáticos regionais, da fitofisionomia, do solo e da altitude influenciam e caracterizam o bioma.

Os biomas existentes no Brasil são: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal (Figura 1).

Normalmente, os biomas abrigam conjuntos de vegetações com caracteres similares. A continuidade destas coberturas é imprescindível para a existência dos habitats da maioria das espécies.

Um ecossistema é caracterizado por interações entre organismos bióticos (vivos), em vários níveis tróficos, e componentes naturais sem energia vital (abióticos) existentes na litosfera (solo e minerais), na hidrosfera (água) e na atmosfera.

Os ecossistemas terrestres são fruto da interação do clima (temperatura, umidade do ar e pluviosidade) com o solo. Os fatores que condicionam a vegetação e os ecossistemas são o clima, a composição química e estrutura do solo, a topografia do terreno e a altitude.

Em termos geográficos, em comparação aos biomas, os sistemas ecológicos ocupam menor escala. Exemplos de ecossistemas associados ao bioma Mata Atlântica, são os manguezais e restingas.

Bioma Amazônia

O Bioma Amazônia ocupa cerca de 49% do território brasileiro abrangendo nove estados da federação, inseridos na região Norte e parte dos Estados do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. A maior floresta tropical do mundo, de características pluviais, encontra-se neste bioma.

A biodiversidade da Amazônia é bastante abundante, com uma vasta infinidade de espécies vegetais e animais. A região também se destaca por apresentar grande disponibilidade hídrica – 20% da água doce mundial, além de inestimável potencial de recursos minerais e madeireiros.

A floresta Amazônica abriga conjuntos de ecossistemas frágeis e auto-sustentáveis, cuja manutenção e nutrição ocorre a partir dos seu próprio material orgânico. As atividades exploratórias antrópicas estão alterando o natural equilíbrio ecossistêmico, e geram danos inconversíveis.

Bioma Caatinga

A Caatinga, ou mata branca em tupi-guarani, é o único bioma exclusivamente brasileiro. Ela abriga uma ampla variedade de coberturas vegetais na Região Nordeste e no norte de Minas Gerais. Equivale a 10% do território nacional.

Localiza-se em área de clima semi-árido, suscetíveis a processos de desertificação. A maioria dos rios são de regime intermitente em função das prolongadas secas.

Os tipos de vegetação deste bioma brasileiro, que apresenta muitas espécies endêmicas, são classificados a partir do seu porte. Entre os estratos da Caatinga existem o arbóreo (porte das espécies entre 8 e 12 metros de altura); o arbustivo (2 a 5 metros de altura); e o herbáceo (abaixo de 2 metros).

Observa-se também na caatinga, a vegetação mata seca, localizada em regiões de maior altitude e encostas, e o carrasco, um tipo de arbusto de caules finos e tortuosos.

A Caatinga, demonstra grande variedade paisagística. Os aspectos principais desta cobertura vegetacional são árvores baixas, troncos retorcidos com espinhos, raízes profundas e espécies decíduas, cujas folhas caem em períodos de maior estiagem.

Este bioma, contudo, encontra-se atualmente muito modificado. A vegetação de área antropizada (agricultura) e as pastagens, gradativamente substituem as espécies vegetais nativas.

Bioma Cerrado

O Cerrado, um tipo de Savana, é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando o equivalente a 22% do território nacional, abrangendo vários estados da Federação. É um bioma típico do Planalto Central Brasileiro.

Este bioma abarca a maior diversidade biológica do mundo, com magnífica concentração de espécies endêmicas e uma grande variabilidade de habitats.

As formações vegetacionais existentes no Cerrado são: i) a Florestal, incluindo as matas ciliares e de galeria; ii) a Savânica, subdividindo-se em cerrado sensu stricto; iii) e a Campestre, que contém outras subdivisões a exemplo do campo rupestre, onde predominam ervas, gramíneas e arbustos (EMBRAPA, 2019).

As alterações paisagísticas e o progressivo acréscimo da degradação ambiental da savana brasileira começaram após a transferência da Capital Federal para Brasília, nos anos 1960.

Atualmente inúmeras espécies de plantas e animais correm risco de extinção. A abertura de novas redes rodoviárias, a constante expansão da pecuária e da agricultura intensiva consubstanciam a crescente substituição do cenário natural.

Bioma Mata Atlântica

O primeiro contato do explorador português na Terra Brasilis ocorreu na unidade biológica Mata Atlântica, que ocupa por volta de 15% do nosso território. Portanto, a pressão antrópica iniciou-se neste bioma, que está principalmente localizado em região costeira, onde vive a maioria da população nacional.

As principais formações florestais nativas deste bioma são as Florestas Ombrófilas – Densa; Mista (Mata de Araucárias); e Aberta; Floresta Estacionais – Semidecidual; e Decidual.

Os principais ecossistemas associados à Mata Atlântica são os manguezais, vegetações de restingas, campos de altitude, brejos interioranos e enclaves florestais do Nordeste. Apresenta composições florísticas notadamente distintas, que demonstram características baseadas nas variações climáticas da macro região.

A preservação da Mata Atlântica é uma das prioridades mundiais na luta para a conservação da biodiversidade, em função da ampla variedade de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. Nestes últimos anos, o desmatamento se alastrou bastante neste diversificado conjunto de ecossistemas florestais.

É o mais ameaçado entre os biomas existentes no Brasil. Atualmente sua área encontra-se muito fragmentada com remanescentes florestais localizados em áreas protegidas ou de difícil acesso. De acordo com informações da Fundação SOS Mata Atlântica, restam apenas 12,4% das florestas que originalmente existiam.

Na região sul do estado da Bahia existem bolsões reliquiares de Mata Atlântica preservada. Em contrapartida, na região metropolitana de Salvador, a especulação imobiliária desordenada vem gradativamente aniquilando, no transcurso dos últimos anos, resquícios deste bioma e respectivos ecossistemas na capital baiana.

Bioma Pampa

Com uma área territorial de aproximadamente 2%, este bioma só é encontrado no Rio Grande do Sul, abrangendo a metade do estado, na porção brasileira dos Pampas Sul-Americanos que se estendem pelos territórios do Uruguai e da Argentina.

As características climáticas com muita chuva, sem período seco, e baixas ou negativas temperaturas no inverno, exercem influência na vegetação.

Esta unidade biológica comporta quatro conjuntos principais de vegetação de campos, com composição herbácea e arbustiva. Baseado em informações do MMA, nas naturais paisagens do Pampa predominam os campos nativos. Contudo, encontram-se matas ciliares, matas de encosta, matas de pau-ferro, formações arbustivas, butiazais e banhados.

Bioma Pantanal

Localizado nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, este bioma de rara beleza cênica ocupa cerca de 2% do território nacional. A vegetação é semelhante ao do cerrado. Ocorre também tipos encontrados na caatinga e pequenas áreas com florestas.

O diferencial, e que promove o destacamento deste bioma é a sua vasta e contínua planície aluvial de inundação, reconhecida como a maior do Planeta Terra. A maioria dos representantes da fauna brasileira se reúnem no Pantanal, e se refugiam em suas partes mais altas nos períodos alagados.

Dentre os biomas brasileiros, este, até o momento, é o que menos sofreu com a intervenção antrópica. Porém, as atividades agropecuárias estão expandindo as suas fronteiras e gerando constantes impactos sócio-ambientais na região.

Imagem da capa: Vista da Serra da Mantiqueira a partir do mirante da Pedra do Baú. (Imagem: Ricardo Borges)