Um notável atributo decorrente da evolução dos instrumentos monetários é o seu processo de desmaterialização. Gradualmente a moeda está tornando-se intangível e imaterial, culminando no dinheiro digital.
Como as primeiras moedas eram mercadorias, para que elas tivessem valor, deveriam ser raras, e a sua aceitação era baseada no atendimento de uma necessidade comum e geral. Exemplos clássicos de moedas-mercadorias incluem o ouro, a prata e o sal.
Desse modo, nos primeiro tipos de moeda, o que determinava o valor de troca era o valor de uso que a mercadoria possuía, isto é, desde que ela atendesse necessidades gerais e fosse útil na sociedade, passaria a ter valor de mercado.
A necessidade de utilização (valor de uso) servia como garantia para o valor de troca. Com o tempo, e com as transições dos tipos de moeda, é que o valor de troca passou a ter maior ênfase, começando o processo de desmaterialização.
O progresso da desmaterialização dos meios de pagamento, que está permitindo o alastramento do imaterial e intangível dinheiro digital, foi contínuo, e conforme a evolução conferida às formas monetárias.
Assim, vagorosamente, os instrumentos monetários evoluíram, passando pelo metalismo, moeda-papel, pela criação da moeda fiduciária ou papel-moeda, pelo surgimento da moeda bancária ou escritural, observando-se a utilização de cartões de débito e de crédito, e mais recentemente, dos cartões inteligentes, até o advento do dinheiro digital.
Dinheiro eletrônico – imaterial e intangível
Conclui-se que o dinheiro eletrônico é, por excelência, a forma monetária desmaterializada, por ser baseada em informações – em bits.
Soma-se a isso o fato desse tipo de dinheiro ser intangível, sendo o computador o equipamento tecnológico que permite a transação e manipulação do dinheiro eletrônico por agentes econômicos virtuais.
A respeito da inexistência física do dinheiro, Grabbe (1998) comenta: “Your bank account is a number in your banks computer”.
Esta frase deixa patente – ao afirmar que as contas bancárias são números nos computadores dos bancos, a importância do computador e das grandes redes para as transações financeiras atuais.
Denota também o entrelaçamento entre a tecnologia digital e as operações financeiras, culminando com a mais perfeita forma desmaterializada do dinheiro, conhecido como dinheiro digital!
* Este texto é o terceiro da série de artigos relacionados ao O advento do dinheiro digital e seus impactos no sistema econômico:
1 – O advento do Dinheiro Digital – Introdução
2 – A aurora do dinheiro digital
Referências
Como citar: BORGES, Ricardo. O advento do dinheiro digital e seus impactos no sistema econômico. UCSAL – Faculdade de Ciências Econômicas, 1ª edição. Salvador, 1998.
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