Os gnaisses paulistas da Pedra do Baú

Os gnaisses paulistas da Pedra do Baú

Na incrível Serra da Mantiqueira, em região coberta por vegetação do Bioma Mata Atlântica, existe uma imponente e bela feição geomorfológica, formada por um complexo de cristas rochosas compostas por gnaisses, conhecida como Pedra do Baú.

Localização, acesso e trilhas

Importante atração geoturística dos altos campos das serras do Estado de São Paulo, este monumento está localizado no município de São Bento do Sapucaí – Serra do Baú, na borda sudoeste do Planalto de Campos do Jordão.

O acesso a partir da capital paulista é possível pelas rodovias Airton Sena/Carvalho Pinto (SP-070) ou Via Dutra (BR-116) até a altura de Taubaté. Deste ponto percorre-se a Rodovia Floriano Peixoto (SP-123) rumo a Campos do Jordão.

O trajeto à face sul da Pedra do Baú com início nessa cidade é feito através da estrada MGC-383, num percurso de 15,3 km. A chegada ao Monumento Natural Estadual Pedra do Baú, situado no km 06, é possível pela estrada municipal do Bauzinho.

O conjunto é composto por três proeminentes cristas – o Bauzinho, a Pedra do Baú e a Ana Chata. A mais destacada é a Pedra do Baú, com altitude de 1905 metros e 340 metros de altura.

Muitas rotas e trilhas de escalada esportiva ocorrem neste exuberante complexo rochoso. Em 1940, os irmãos João e Antônio Teixeira de Sousa foram os primeiros a escalar o cume do Baú.

Após caminhadas em trilhas até a base das cristas rochosas, o acesso ao topo da Pedra do Baú é realizado em subida por meio de escadarias de ferro cravadas na rocha.

Os gnaisses paulistas da Pedra do Baú
Imagem do autor na trilha para a base da Pedra do Baú. Ao fundo vista do Vale do Ribeirão do Paiol Grande. São Bento do Sapucaí-SP, 2015.
Os gnaisses paulistas da Pedra do Baú
Imagem entre nuvens do complexo rochoso na trilha da Pedra do Baú. São Bento do Sapucaí-SP, 2015 (Autor: Ricardo Borges).

Gnaisses da Pedra do Baú

Os gnaisses são tipos de rochas metamórficas originários de granitos ou rochas sedimentares que se reestruturaram após serem submetidos a elevadas temperaturas e pressões.

Apresentam com frequência bandamento distinto, com camadas escuras de minerais ferromagnesianos (micas e anfibólios), e camadas claras de cor branca, cinzenta ou rosa, constituídas por quartzo e feldspatos.

O Monumento Geológico da Pedra do Baú é constituído por gnaisses do Complexo Varginha-Guaxupé. Esta feição geomorfológica alinha-se segundo a direção NE-SW, concordante com a estruturação pré-cambriana. O bandamento gnáissico na região da Pedra do Baú apresenta bandas claras e escuras alternadas, com espessuras milimétricas a centimétricas (HIRUMA e TEIXEIRA, 2011).

A sua evolução geológica se relaciona aos processos tectônicos e a remoção erosiva das superfícies – denudação, desde o pré-cambriano até os dias atuais.

Estes processos são decorrentes da ruptura do continente Gondwana, que proporcionou a separação da América do Sul e África. As suas atuais feições geomorfológicas também se relacionam à origem e evolução do rift continental do sudeste brasileiro, que se desencadeou no Paleógeno.

Conforme Hiruma e Teixeira (2011), a preservação da imponência da Pedra do Baú como morro testemunho, não deve ser atribuída preponderantemente a fatores litológicos, pois as rochas do seu entorno apresentam características semelhantes. Os principais fatores são o controle tectônico e estrutural, aliado a sua posição geográfica de borda de planalto.

Na atualidade, o complexo rochoso e o seu entorno estão legalmente protegidos por unidades de conservação de proteção integral (Monumento Natural Estadual da Pedra do Baú) e de uso sustentável (Área de Proteção Ambiental Estadual de Sapucaí-Mirim e Área de Proteção Ambiental Federal da Serra da Mantiqueira).


Imagem da capa: Vista da Pedra do Baú e do Vale do Paiol Grande, a partir da crista do Bauzinho. Autor: Webyster Nunes

  • Gostou deste artigo? então ajude-nos com qualquer valor para a manutenção e continuação do site, através do PIX: 71996176741

Referências

HIRUMA, S. T.; TEIXEIRA, A. L. Pedra do Baú, São Bento do Sapucaí, SP – Imponente paisagem e registro de eventos tectônicos e denudacionais pós-ruptura continental. In: Winge,M.; Schobbenhaus,C.; Souza,C.R.G.; Fernandes,A.C.S.; Berbert-Born,M.; Sallun filho,W.; Queiroz,E.T.; (Edit.) Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. 2011. Publicado na Internet em 30/06/2011 no endereço http://sigep.cprm.gov.br/sitio055/sitio055.pdf

Ricardo Borges

Economista, geólogo e músico autodidata, com ofício em publicidade impressa e digital. Mestrando em Gestión Integral del Agua (Universidad de Cádiz) e pesquisador nas áreas de Geociências e Astronomia.

2 thoughts to “Os gnaisses paulistas da Pedra do Baú”

  1. Grande Ricardo Borges, parabéns meu amigo pelo entusiasmo, paixão e entrega a qual se dedica ao nos presentear com importantes artigos como este!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *