O funcionamento do modo de produção capitalista está condicionado a periódicas oscilações ao longo do tempo. As expansões econômicas – ápice cíclico, é diretamente dependente das inovações tecnológicas. Na atualidade os avanços científicos viabilizam a aurora de novas fases de progressos técnicos.
Na revolução industrial as máquinas substituíram as ferramentas dos artesãos. Com o advento da revolução digital e da computação quântica, a inteligência artificial sucederá os humanos no processo produtivo.
A economia capitalista moderna é marcada por ciclos econômicos, e suas inerentes fases compreendem a expansão econômica; a recessão (pré-crise); a depressão (crise); e a recuperação econômica (Figura 1).
Para maiores informações sobre os ciclos econômicos e crises, consultar os artigos: Capitalismo, Estado e Crises Econômicas e Ciclo de crises do sistema capitalista.
Expansões econômicas e ondas de inovações tecnológicas
As expansões econômicas podem ser fomentadas por vários fatores, entre eles a ampliação técnica e as inovações tecnológicas. Durante as várias fases da Revolução Industrial, inversões financeiras proporcionaram pulsantes avanços técnicos que modificaram o mundo.
As profunda transformações que abalaram o antigo regime absolutista geraram alterações sem precedentes nas relações entre o ser humano e a natureza que o circunda. A substituição das ferramentas dos artesãos pelas máquinas inseriu a humanidade em uma nova era.
A consolidação da Revolução industrial, determinada pelas nações que auferiram maiores vantagens militares e territoriais nos períodos mercantilistas, todavia, proporcionou crescimento econômico e acumulo de capital às custas da apropriação e deterioração da natureza, e exploração da mão de obra.
1ª onda – advento da Revolução Industrial (1785 – 1845)
Após o início da Revolução Industrial desencadeia-se a primeira onda de inovações técnicas que propiciaram grande expansão aos países detentores de capital e recursos naturais. Durante quase um século, entre 1760 a 1850, a mecanização da indústria praticamente se limitou à Inglaterra.
A introdução do motor a vapor – através da transformação de energia térmica em energia mecânica pela expansão do vapor de água, fomentou os ciclos de inovações tecnológicas.
O progresso técnico ocorreu a partir da utilização do ferro, da energia hidráulica, e da implantação da mecanização nas indústrias e uso de têxteis.
A máquina a vapor possibilitou o desenvolvimento das indústrias de tecelagem. O incremento produtivo foi marcante, com consequente aumento dos lucros para os proprietários dos meios de produção e difusão das fábricas.
As invenções que geravam o progresso da maquinofatura alavancaram o incremento na produção. Estes impulsos estimulavam novos investimentos, que então proporcionavam aperfeiçoamentos técnicos.
A posterior utilização do motor a vapor nos meios de transporte dinamizaram as locomoções. O uso do barco a vapor e as construções de estradas de ferro reduziram custos, amplificaram o volume de trocas e diminuíram o tempo das viagens. Como consequência, a demanda produtiva aumentou e gerou expansão econômica.
2ª onda – difusão mundial da industrialização (1845 – 1900)
Esta fase de incrementos técnicos é caracterizada pelo alastramento da mecanização fabril na Europa e em outros continentes. Países como a Bélgica, a França, a Alemanha, a Itália, Japão, EUA e no final do século a Rússia, entraram na concorrência industrial.
Consequentemente a necessidade constante de recursos naturais e estratégicos acirrou os atritos entre estes países, desencadeando posteriores grandes guerras.
Novas formas de energia floresceram, a exemplo da hidrelétrica. O aprimoramento dos motores a vapor e invenção da locomotiva geraram evoluções sem precedentes.
O uso do carvão coque viabilizou a transformação de ferro em aço para suprir o maquinário metálico. O algodão passou a ser utilizado em larga escala na indústria têxtil.
Entre as inovações tecnológicas que promoveram expansões econômicas neste período, está a introdução da eletricidade. A invenção do motor a explosão (combustão interna), inseriu o uso de combustíveis derivados do petróleo, cuja supremacia energética no setor de transportes prevalece até os dias atuais.
3ª onda – as grandes guerras (1900-1950)
No início do século XX, os avanços científicos, principalmente no setor de eletricidade, transportes e uso dos combustíveis fósseis e de produtos químicos proporcionaram acumulação de capital e incremento da riqueza das nações.
Dentro dos ciclos econômicos, esta fase de inovações tecnológicas gerou períodos de crescimento econômico nas principais potências industriais, motivando uma corrida armamentista, que culminou na primeira grande guerra.
O auge cíclico ocorreu na década de 20 daquele século, com amplo desenvolvimento econômico, tanto para os países capitalistas, como também observado na URSS. O ciclo entrou em declínio e recessão a partir da primeira grande crise sistêmica – a Grande Depressão de 1929.
4ª onda – florescimento da microeletrônica (1950-1990)
Após o término da segunda grande guerra, o mundo estava transformado e com muitos países destruídos. Os esforços de guerra geraram notáveis avanços técnicos em várias áreas.
Após a reestruturação financeira dos países capitalistas europeus, em um prazo de 5 anos, iniciou-se a quarta onda de inovações tecnológicas que gerou expansões econômicas. Nesta etapa, observou-se o aprofundamento do uso em larga escala dos hidrocarbonetos e a utilização da energia atômica com base na fissão nuclear.
Toda uma cadeia produtiva conectada à indústria petroquímica foi montada, com implantação de pólos industriais multinacionais em todo o mundo. A aviação, após a criação do avião a jato pelos alemães no final da guerra, experimentou considerável evolução.
Durante o período da Guerra Fria, a rivalidade ideológica entre os blocos capitalista e socialista, capitaneados pelos EUA e URSS, respectivamente, geraram vultuosos investimentos em ciência e tecnologia.
A corrida espacial é fruto desta acirrada disputa ideológica. Ela fomentou o desenvolvimento da microeletrônica. Os benefícios dos pesados investimentos no setor de aeronáutica dos anos 50 e 60 foram imprescindíveis para o florescimento da computação.
Esses investimentos aeroespaciais foram determinantes para a miniaturização dos componentes eletrônicos e desenvolvimento dos circuitos integrados que viabilizaram o advento da revolução digital e a migração tecnológica analógica para a digital.
5ª – Revolução digital (1990-2020)
Na atualidade, o avanço técnico oriundo do florescimento da revolução digital, quinta onda de inovações, propiciou a expansão observada na primeira década do século XXI.
Está nova onda, considerada a Terceira Revolução Industrial, produziu um novo paradigma sócio-cultural e fez surgir a era da informação. A revolução dos usos e costumes na sociedade, economia e relações políticas foi possibilitada a partir da transição da tecnologia eletrônica mecânica e analógica para a eletrônica digital.
A tecnologia digital da computação proporcionou profundas alterações nos meios de comunicação. Estas modificações técnicas proporcionaram significativos avanços e desenvolvimento econômico no início do século XXI.
Os negócios e técnicas de produção modificaram-se. O alastrado uso dos circuitos lógicos digitais e as tecnologias derivadas, a exemplo do computador e telefones digitais, em conjunto com a produção em massa, alavancaram a revolução.
A Internet interligou e dinamizou as comunicações unificando culturalmente o mundo. Os mercados de capitais, monetários e cambiais se entrelaçaram em rede, tornando-se susceptíveis a problemas diversos em longínquas partes do globo.
Essa prosperidade econômica mundial foi viabilizada pela redução de custos e aumento da velocidade dos sistemas informacionais, da ampliação da capacidade tecnológica e interligação virtual dos mercados financeiros globais. A fase cíclica de crise desse período, corresponde à crise financeira Sub-prime de 2008.
6º computação quântica e revolução dos transportes (2020-)
Em um primeiro estágio histórico as máquinas substituíram as ferramentas do homem, e a energia a vapor sucedeu o trabalho humano e animal. Em função do pesado maquinário industrial, surgiram os centros fixos de produção – as indústrias modernas.
No estágio mais recente, a inteligência artificial gradativamente substituirá o próprio ser humano no processo produtivo. Fato que provocará irreversíveis alterações no mercado de trabalho e na vida social.
A ênfase no incremento produtivo, entretanto, ocorre às custas do acirramento da apropriação e deterioração da natureza. Essas atividades exploratórias impõem mudanças ecossistêmicas e aceleram processos naturais que podem ocasionar profundas e irreversíveis alterações ambientais.
O prisma da racional utilização dos recursos ambientais necessita estar em vanguarda. É imprescindível que a próxima onda de inovações tecnológicas (sexta onda), que poderá trazer um novo boom de crescimento econômico, seja baseada em integrativas concepções.
Ela deve fundar-se no advento da economia ecológica, na automação e nanotecnologias, a partir da propagação do uso de energias sustentáveis, e na utilização plausível dos recursos renováveis e não renováveis.
A humanidade necessita se desvencilhar dos grilhões do primitivo combustível fóssil para proporcionar a evolução dos meios de transporte e das novas formas de geração de energia. Os investimentos em veículos movidos a hidrogênio e os elétricos precisam ser incrementados.
Tendências tecnológicas
As ligas de aço inoxidáveis atuais já estão utilizando metais de uma nova geração tecnológica, os chamados greentech minerals. Entre eles estão o titânio, o vanádio e os metais terras raras. Eles possuem baixa massa molecular e alta resistência. As atuais aeronaves já utilizam estes metais que proporcionam maior leveza e redução de ruídos.
A tecnologia quântica e a consolidação da tecnologia 5G possibilitarão avanços mais profundos e ainda imprevisíveis para a humanidade.
Da mesma forma em que o avanço da microeletrônica possibilitou a transição do sistema analógico para o digital, a computação quântica consiste em uma transição do sistema binário para um sistema baseado nas teorias e aplicações da física quântica.
O processamento da informação e a potência computacional apresentarão ganhos exponenciais, possibilitando conexões e integrações aperfeiçoadas com avançada inteligência artificial. A automação e substituição humana em muitas tarefas tornar-se-á uma realidade cada vez mais frequente.
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