O descobridor europeu encontrou os primeiros habitantes da Terra Brasilis bem a vontade, e adaptados ao seu habitat e ao meio ambiente. Inicialmente o colonizador português não interferiu no modo de vida indígena, aceitando a sua rotina. Os contatos iniciais entre os nativos e os brancos foram cordiais.
Contudo, quando o colonizador necessitou de mão de obra, ocorreu a tentativa de escravização indígena, transformando radicalmente a relação entre europeus e nativos. Muitas tribos resistiram e lutaram, ou fugiram para o sertão. Mas com o tempo, eles foram subjugados e despojados de suas posses. Nos dias atuais, a sua cultura se apresenta bastante diluída.
Apresamento indígena: negócio lucrativo
Os nativos que se rebelaram e resistiram à ocupação deram muito trabalho aos portugueses e dificultaram a colonização. No período do Brasil colonial, entre os principais incentivos para o desbravamento do sertão e a penetração para o interior, destaca-se o combate ao indígena mais resistente, que na visão da metrópole, atrapalhava os interesses lusitanos.
O processo de escravização da mão-de-obra indígena contribuiu para o desbravamento do sertão. O comércio envolvendo o nativo capturado era intenso, e durante um longo período, o apresamento indígena foi um negócio lucrativo. Nesse contexto, muitas entradas e bandeiras foram organizadas com a finalidade de prear os habitantes tradicionais, proporcionando a expansão das fronteiras brasileiras.
Primeiros habitantes da Terra Brasilis
Os europeus encontraram em solo brasileiro onze nações indígenas, divididas em quatro grandes grupos: Tupis, Jês, Aruaques e Caraíbas. A língua de maior expressão, entre cerca de 37 troncos linguísticos indígenas identificados no Brasil, era o Tupi-Guarani.
Durante a colonização, os portugueses encontraram muitas tribos. No litoral baiano habitavam os Tupiniquins e Tupinambás, cujas tribos se estendiam até o Maranhão. Em Pernambuco foram encontrados os Caetés e Tabajaras. Os Potiguares ocupavam a região do Rio Grande do Norte e Ceará. No interior nordestino assentavam-se os Tupinas e Amoipinas. No de Rio de Janeiro e em São Vicente habitavam os Tamoios. Mais ao sul, os Tupis e Guaranis.
No interior da Bahia, os indígenas que habitavam a região do vale do rio Paraguaçu e serra do Sincorá antes da chegada do europeu explorador, eram os Maracás. Estes povos originários tinham como vizinhos ao sul o grupo índigena Camacã, sendo o rio de Contas o seu limite territorial. Os Maracás eram resistentes, se defendiam e reagiam com dinamismo à chegada de estranhos ao seu território.
Os grupos indígenas que os colonos encontraram no desbravamento do interior rumo ao sertão do rio São Francisco, foram os amoipiras, acroás e paiaiás.
Os indígenas na atualidade
O genocídio indígena no Brasil foi o de maior montante em toda América Latina. Milhões de nativos foram dizimados no decorrer da colonização, e gradativamente, ocorreu o transplante da cultura europeia para o continente sul-americano.
Porém, alguns costumes e diversos vocábulos indígenas foram incorporados pela cultura do colonizador. Muitas cidades, regiões, rios e acidentes geográficos contém nomenclatura de origem indígena. Plantas alimentares e medicinais, instrumentos de caça e pesca, estão inseridos na cultura brasileira.
Na atualidade, sem perder seus costumes e tradições, muitos integrantes dos povos tradicionais se engajaram nos estudos, em áreas técnicas e acadêmicas, obtendo formação em diversas áreas, tornando-se representantes de suas comunidades e aldeias. Dessa forma podem auxiliar suas comunidades, bem como a sociedade em geral.
Existem atualmente muitos indígenas habilitados em diversas profissões, como na medicina, com capacitação para prestar valiosa contribuição à sociedade, como atualmente verificado em relação ao combate e cuidados de enfermos na Pandemia.
Estima-se, entretanto, que cerca de um milhão de indígenas brasileiros buscam alternativas para sobreviver.
A inclusão indígena na sociedade ocorre na maioria dos países da América Latina, com exceção do Brasil. A autonomia, direitos e posses dos povos tradicionais precisam ser realmente valorizados.
As comunidades indígenas necessitam de maior espaço de expressão, de inclusão social, de acesso a novas tecnologias e inserção digital. Estas questões são imprescindíveis para a sobrevivência e perpetuação da cultura dos primeiros habitantes da Terra Brasilis.
Referências
MATHIAS, Herculano G.; GUERRA, Lauryston; CARVALHO, Afonso Celso V.; ALVES, Therezinha M. História do Brasil, Vol. 1. Bloch Editores. Rio de Janeiro, 1972.
TAVARES, Luís Henrique Dias. História da Bahia. São Paulo: Editora UNESP: Salvador, Ba: EDUFBA, 2001.
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