No mesmo ano do desembarque de Colombo na América (1492), os Reis católicos espanhóis conquistaram o islâmico reino de Granada, último rincão da quase milenar presença árabe na Península Ibérica.
Após o completo domínio territorial e posse das chaves da majestosa fortaleza-palácio de Alhambra (الحمراء; “a Vermelha”), a corte castelhana encontrou neste monumento, suntuosos aposentos reais e jardins erigidos no período da dinastia Nacéridas.
Granada se desenvolveu durante a idade de ouro islâmica. A partir do ano 1013, tornou-se a capital dos reinos mulçumanos Ziridas (séc. XI), das dinastias bérberes dos Almorávidas e dos Almoádas (final do Séc. XI a XIII) e dos Nacéridas (séc. XIII a XV).
Tornou-se política e comercialmente importante após a dissolução do califado de Córdoba e formação das taifas (reinos mulçumanos). Na atualidade, é um importante centro turístico de aventuras, e de ampla riqueza arquitetônica e beleza paisagística.
A conquista espanhola ocorreu após dez anos de cerco e batalhas, o conflito foi solucionado com uma rendição negociada e capitulação do rei Boabdil. Alhambra, que foi projetada para resistir a diversas intempéries, permaneceu intacta, e ao longo dos séculos resistiu a vários terremotos.
Apesar das interferências e posterior destruição de alguns setores, a exemplo da arquitetura religiosa, o conjunto atualmente ainda apresenta bom estado de preservação.
Patrimônio mundial da UNESCO, a Alhambra é o monumento mais visitado da Espanha. A Mesquita de Córdoba, e este complexo palaciano e antiga medina são os maiores expoentes da arquitetura e arte mulçumana Al-Andalus, desenvolvidas no período medieval em solo europeu.
O contato com os ricos elementos artísticos na islâmica Granada Hispânica e em outros domínios árabes, e o choque sacro-cultural contribuiu para o fim da estagnação intelectual e letargia que assolou a Europa durante boa parte da Idade Média, abrindo caminho para o renascimento.
Perigo sísmico regional
Granada localiza-se na homônima depressão e no sopé da Serra Nevada, cadeia de montanhas que apresenta as maiores altitudes da Península Ibérica. Assenta-se sobre um conjunto de falhas geológicas normais ativas, que promovem a iminência de sismos, que historicamente modelou o relevo e afetam infraestruturas e edificações locais.
Essa região é a de maior perigo sísmico da Península por se tratar de cadeias montanhosas que se formaram em função da colisão da placa tectônica da África com a Ibérica, gerando um levantamento topográfico regional.
A monumental fortificação de Alhambra encontra-se estrategicamente no alto da colina de Sabika, de aproximadamente cem metros, com vista panorâmica da região e da cidade. Os acidentes geográficos ao redor, e a presença da serra Nevada ao fundo, forneciam proteção contra possíveis ataques e serviam como importantes sistemas de defesas naturais.
O conjunto rochoso predominante nos elevados topográficos da região é o resistente conglomerado Alhambra, que é composto por xistos, quartzitos, mármores ou paragnaisses naturalmente cimentados. Os fragmentos de rocha que compõem os conglomerados vermelhos são oriundos do alto da serra Nevada e foram transportados através de antigos rios.
3 thoughts to “Incursões na Islâmica Granada Hispânica!”