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O humano se transmutou em máquina e oprimiu a natureza

A época em que o humano se transmutou em máquina e oprimiu a natureza!

Machina ex Hominis

Os constantes desequilíbrios e a deterioração da relação entre a humanidade e o meio ambiente se consubstanciou no instante em que o humano máquina se apropriou e oprimiu a natureza.

Esta opressão, conectada à supressão natural, concretizou-se em larga escala a partir das grandes expansões marítimas e territoriais dos países europeus.

Em função das inovações técnicas, ocorreu a transmutação da força de trabalho manual dos artesãos para a maquinofatura.

Rudimentos da exploração comercial da natureza

A compreensão dos rudimentos da revolução industrial é imprescindível para o discernimento da engrenagem que desencadeou um processo antrópico vertiginoso de exploração e apropriação do fator de produção recursos naturais.

Ao longo de milênios, as civilizações que conseguiram maior organização social exploraram e esgotaram recursos naturais mediante a subjugação de outros grupos étnicos. Nos últimos quinhentos anos, após o advento da navegação, as práticas humanas se disseminaram para os continentes do chamado novo mundo.

A utilização não sustentável dos bens e serviços naturais ou ecossistêmicos, entretanto, perdura até a atualidade, mesmo com o prévio conhecimento das nefastas consequências sócio-ambientais, para a biodiversidade, bem como concernentes às alterações paisagísticas no planeta.

A crescente demanda por recursos naturais foi fomentada por aspectos como a expansão do comércio e do mercado consumidor em escala mundial, a ascensão da burguesia, o aumento populacional e o estimulo ao enriquecimento e acumulação de capital praticado pelos protestantes puritanos.

O país pioneiro do processo revolucionário de transmutação do trabalho foi a Inglaterra. Durante o mercantilismo e auge das expansões marítimas, os britânicos prosperaram comercialmente, e concentraram consideráveis excedentes de capital.

Esse conjunto de fatores permitiram as inversões financeiras que propiciaram o florescimento da revolução industrial e o progressivo uso de maquinário e tecnologia, alavancando o advento do humano máquina, com consequente opressão da natureza.

Apropriação da natureza e acumulação primitiva de capital

A partir da Revolução Industrial concebeu-se um longo, constante e instável processo de extração dos recursos naturais, em prol da acumulação primitiva de capital de umas poucas nações que estiveram na vanguarda do processo de ampliação técnica e lideraram a industrialização.

A progressiva mecanização fabril, sem precedentes na história humana, tem o potencial de exaurir e degradar o meio ambiente a partir de três principais vertentes, cuja logística produtiva está relacionada abaixo:

1. Mercado fornecedor de matérias primas ===> 2. Produção industrial e maquinofatura ===> 3. Amplo mercado consumidor

  • 1 – extração dos recursos (renováveis e não renováveis);
  • 2 – produção de bens de capital e de consumo duráveis industriais; e
  • 3 – descarte de resíduos de variadas naturezas pelos consumidores.

1 – Exaustão ambiental e alterações paisagísticas: As nações pioneiras da revolução industrial normalmente não continham em seus domínios territoriais as principais matérias-primas necessárias para fomentar o constante processo de mecanização da produção. A obtenção desses recursos derivou-se da exploração dos países colonizados -produtores de matéria prima, e países capitalistas periféricos.

2 – Poluição, contaminação e degradação ambiental: durante a fase de utilização de maquinário pesado para produção de bens, tanto de capital, como de consumo duráveis e não duráveis, não existiu consideração sobre os danos e impactos ambientais.

Portanto, estas atividades geram exaustão de recursos energéticos não renováveis, poluição atmosférica, contaminação de solos e mananciais hídricos e subterrâneos, e desenvolvimento de problemas de saúde nos trabalhadores e operadores de máquinas.

3 – Descarte de resíduos: O consumo desenfreado, e que nunca atende às necessidade ilimitadas dos seres humanos, gera uma série de externalidades ambientais negativas, com proliferação de vetores de doenças, poluição e contaminação, e em função de descarte e esgotamentos sanitários precários.

O ímpeto desenvolvimentista das grandes potências mundiais, associado aos inconsistentes conhecimentos em geociências, e às incipientes mensurações dos danos ambientais decorrentes do sucateamento dos recursos produziram os atuais desequilíbrios ecológicos e incremento da entropia do sistema terrestre.

Humano máquina oprimiu a natureza

As atividades econômicas dos últimos séculos geraram, destacadamente, os atuais problemas sócio-ambientais, a exemplo do desmatamento de florestas; processos colaboradores das alterações climáticas; a contaminação e assoreamento dos mananciais hídricos e de aqüíferos; os danos à biodiversidade; e a poluição oriunda do uso dos combustíveis fósseis.

As nações industrializadas percorreram o mundo em busca de suprimentos, insumos minerais, recursos hídricos e de combustíveis baseados em hidrocarbonetos, com aniquilação de biomas, escravização e usurpação indevida de riquezas minerais e energéticas pertencentes a habitantes de outras regiões.

Os efeitos nocivos se acirraram principalmente após a internacionalização da cadeia de acumulação de capital. Momento em que o capital industrial se apoderou diretamente e em maior grau dos recursos disponibilizados pela natureza.

As cíclicas inovações tecnológicas proporcionam conforto e bem estar para parte da humanidade. As externalidades negativas, todavia, promovem custos ambientais cada vez mais complexos de se mitigar.

Este progresso, sem bases sustentáveis, foi obtido mediante esses danos ao meio ambiente, em que o humano máquina oprimiu a natureza, coadunando com a crescente entropia natural.

Esse modelo que visa o lucro dos grandes detentores do capital, além de impulsionar acirradas deteriorações à natureza, não proporcionou a difusão do bem estar e qualidade de vida para a maioria da população planetária, além de perpetuar um passivo ambiental para as gerações vindouras.

* Esse post utiliza fragmentos de um texto vencedor de um concurso nacional da Sociedade Brasileira de Geologia – SBG, no âmbito do 43º Congresso Brasileiro de Geologia. A versão completa do artigo encontra-se no link: Geociências e as Sociedades do Futuro.

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Ricardo Borges

Economista, geólogo e músico autodidata. Trabalha com publicidade e consultoria em marketing digital. Criador de conteúdo e pesquisador nas áreas de geociências e astronomia.

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