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Chapada Diamantina Sempre Viva!

Chapada Diamantina Sempre Viva!

Uma singela e transcendente flor serrana, eterniza a magnífica Chapada Diamantina sempre viva nas mentes e corações de seus visitantes.

A região, que apresenta múltiplos atrativos e belezas naturais, notável diversidade geológica e biológica, mistérios e impressionantes histórias do garimpo, também demonstra uma esplêndida riqueza florística.

Dizem que os diamantes são eternos, mas a Chapada Diamantina, além deste precioso mineral, apresenta, dentre suas belas flores, uma que não morre jamais – é a sempre-viva!

A descoberta do diamante na região ocorreu em Mucugê e no leito do rio Cumbucas. Coincidentemente, os topos serranos deste município são justamente os locais em que aflora a planta que origina a mais apreciada variedade da duradoura sempre-viva (click nas figuras 1).

Espécie vegetal nativa de Mucugê

A sempre-viva (Syngonanthus mucugensis) é uma espécie vegetal pertencente à família das Eriocaulaceae, cuja maioria são plantas herbáceas perenes.

Estas flores encontram-se distribuídas de forma endêmica, principalmente nos altos das serras dos arredores do município de Mucugê (altitudes entre 1100-1500 metros) e nos afloramentos rochosos da vegetação campos rupestres, pertencentes ao bioma Cerrado (Figura 2).

Chapada Diamantina Sempre Viva
Mapa de Ocorrência da sempre-viva
Mapa de ocorrência em altimetria elevada da sempre-viva de Mucugê (vermelho). [CNCFlora, 2012]

Uma das serras em que esta espécie vegetal é encontrada é a mística serra do Capa Bode (Figura 3). Um platô com terreno arenoso e seco, e rochas pertencentes à Formação Tombador, que segundo a lenda, recebe frequentes visitas de seres extraterrenos (Figura 3).

Após a decadência do garimpo, a cultura e coleta da sempre-viva tornou-se uma fonte de renda complementar da população local. Compradores de buquês rondavam a região para adquiri-la, fomentando o comércio.

Chapada Diamantina Sempre Viva!
Portal celestial no pôr do sol da Serra do Capa Bode (Mucugê-Ba)
Imagem: Ricardo Borges

Ameaça de extinção

Entretanto, a coleta desenfreada da flor nas serras do município de Mucugê, quase levou à extinção da sempre-viva. Esta espécie vegetal, endêmica na região, ainda não havia sido cientificamente catalogada (Figura 4).

Elas são plantas de difícil cultivo, e em função do alto endemismo, tornou-se necessário um maior controle para que a mesma não viesse a se extinguir.

As principais causas que geram redução da população da espécie, da qualidade do hábitat, e que ameaçam a sempre-viva de extinção são o extrativismo, constantes queimadas e a agropecuária.

Como exemplo, atualmente a serra do Capa Bode é uma área fortemente degradada por queimadas, tendo como consequência a quase extinção da sempre-viva neste ambiente.

Chapada Diamantina Sempre Viva!
Sempre-vivas no campo. Queimadas, avanço do agronegócio e colheita predatória são riscos para a extinção da espécie. (Imagem: Euvaldo Ribeiro)

Projeto Sempre-Viva na Chapada Diamantina

Após a criação do Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD), em 1985, a colheita reduziu-se. Mas, de forma análoga ao uso das dragas que removiam os leitos dos rios à procura dos diamantes, a prática continuou de forma clandestina.

A solução encontrada pela prefeitura de Mucugê, foi a criação do Projeto Sempre-Viva, que envolveu a comunidade em prol da conservação da flor e definiu um plano de manejo sustentável. Parte do financiamento foi oriundo dos governos federais e estaduais.

Como fruto deste projeto e de muitas parcerias, e com intuito de preservar os recursos naturais regionais e resguardar as áreas remanescentes da sempre-viva, ocorreu em 1999, a criação do Parque Municipal de Mucugê.

Este premiado e destacado projeto, além de afastar a ameça de extinção da planta, gerou emprego e renda para a população local (click nas figuras 5A e B).

Na sede do Projeto Sempre-Viva existe um museu vivo do Garimpo. Partindo de lá é possível realizar trilhas sinalizadas para cachoeiras próximas.

Para maiores informações sobre a Chapada Diamantina e o Projeto Sempre-Viva, consultar links abaixo:

Localização, acesso e aspectos fisiográficos da Chapada Diamantina

Histórico da exploração de diamantes

Evolução geológica da Chapada Diamantina

Parque Nacional da Chapada Diamantina

Projeto Sempre-viva

Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFLORA) – CNCFlora. Comanthera mucugensis in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Comanthera mucugensis>. Acesso em 28 maio 2020.

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Imagem da capa: Murilo Simões

Ricardo Borges

Economista, geólogo e músico autodidata. Trabalha com publicidade e consultoria em marketing digital. Criador de conteúdo e pesquisador nas áreas de geociências e astronomia.

6 thoughts to “Chapada Diamantina Sempre Viva!”

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