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Geologia da Chapada Diamantina

A Geologia da Chapada Diamantina

Introdução

A pródiga Chapada Diamantina apresenta uma geologia complexa e que se moldou ao longo de 1,7 bilhão de anos. Essa constante e lenta evolução dos terrenos regionais, todavia, possibilitou a formação de um dos mais belos santuários paisagísticos do planeta.

Este insólito patrimônio geológico consolidou-se gradualmente, a partir da existência de diversificados ambientes, a exemplo de antigos vulcões, amplos rios entrelaçados, mares rasos e agitados, desertos, dunas e até zonas glaciais.

Geologia da Chapada Diamantina

A consolidação da Chapada ocorreu sobre uma área estabilizada conhecida como Cráton do São Francisco – região estável no interior dos continentes onde durante um longo período geológico já não ocorrem eventos tectônicos marcantes.

O embasamento com rochas cristalinas está encravado neste cráton, e toda sedimentação e evolução geológica regional ocorreu sobre este alicerce rochoso ígneo e metamórfico.

A ruptura de um ancestral supercontinente chamado Columbia, por volta de 1,75 bilhão de anos (Ga), gerou processos magmáticos, com ativos vulcões e bacias que abrigaram os sedimentos terrígenos e de origem vulcânica do Supergrupo Espinhaço, desenvolvidos antes e durante os eventos.

Geologia da Chapada Diamantina
Evolução geológica da Chapada Diamantina
Figura 1A) Lagoa em Livramento de Nª Senhora-Ba com vista para a Serra das Almas. Figura 1B) Vista de cristas da Serra das Almas em Rio de Contas-Ba, com presença de rochas formadas por deposição de material vulcânico e sedimentar. (Imagens: Ricardo Borges)

No início da era Mesoproterozoica (1,6 a 1,0 Ga), ocorreram mudanças climáticas e alterações do nível do mar – eustásia, que fomentaram o surgimento de grandes rios entrelaçados, desertos, lagos, paleodunas e interdunas, que por um bom tempo dominaram a exótica paisagem da Chapada Diamantina.

Pretéritos aquecimentos globais e alterações eustáticas marinhas produziram um ambiente hostil, com transformação do clima em árido-desértico. Estas características possibilitaram o surgimento de formações rochosas de arenitos e siltitos de origem continental e marinhos.

Estas sequências de rochas podem ser bem observadas na região do Morro do Pai Inácio e nos vales do Capão e Paty (Figuras 2A e B e capa).

Figura 2A – Morros testemunhos erosivos da Serra do Sincorá sustentados por arenitos e siltitos de origem continental e marinhos (Mesoproterozoico). Visada norte. Figura 2B – Detalhe do Morrão e vale profundo do anticlinal do Pai Inácio, na Trilha Lençóis-Capão. Visada NE.
(Imagens: Ricardo Borges)

Em período posterior, processos tectônicos e o surgimento de cordilheiras, por volta de 1,5 Ga, geraram as rochas portadoras dos famosos diamantes. Elas são os arenitos e conglomerados diamantíferos da Formação Tombador.

Entre 1,3 a 1,1 Ga, a geologia da Chapada Diamantina foi alterada a partir de uma peculiar invasão marinha proveniente do norte. Este mar agitado, que retrabalhou os sedimentos da formação Tombador, foi denominado de mar Caboclo.

Em uma outra fase geológica, a região foi afetada por períodos de superglaciações que ocorreram no planeta e que interromperam a acumulação de sedimentos e geraram rochas de outra natureza.

Surgiu então, no ambiente que hoje é o semi-árido baiano, um conjunto de rochas glaciais (pelitos e conglomerados) de idade neoproterozoica (1,0 Ga a 541 Ma).

Após o encerramento da glaciação do período criogeniano (850 a 635 Ma), as amplas geleiras derreteram e sucedeu-se outra importante inundação marinha. Dessa vez, um mar raso – o Bambuí, recobriu toda a área a leste da região, onde localizam-se os municípios de Nova Redenção e Itaetê.

Este episódio originou uma plataforma carbonática com fósseis que geraram calcários e dolomitos, encontrados nas partes leste e sul da serra do Sincorá. A dissolução desses calcários, proporcionou a formação das famosas cavernas, a exemplo da Torrinha, Gruta Azul e Poço Encantado, e de seus magníficos espeleotemas (Figura 3).

Geologia da Chapada Diamantina
Figura 3 – Espeleotema na gruta da Torrinha em Iraquara-Ba, formada por dissolução dos calcários originados por inundações marinhas após os períodos glaciais (Imagem: Ricardo Borges)

Os eventos da separação do grande continente Gondwana, e demais eventos dos últimos 500 milhões de anos, não provocaram maiores alterações na Chapada Diamantina, cujo processo erosivo evolutivo continuou a esculpir os atuais contornos da exuberante paisagem da Chapada Diamantina.

Imagem da capa: Morro Branco do Pati e Morro da Lapinha (Morro do Castelo). (Foto Camila Geoturismo)

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Ricardo Borges

Economista, geólogo e músico autodidata. Trabalha com publicidade e consultoria em marketing digital. Criador de conteúdo e pesquisador nas áreas de geociências e astronomia.

11 thoughts to “A Geologia da Chapada Diamantina”

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