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Os Diamantes e Seus Mistérios na Chapada Diamantina

Os Diamantes e Seus Mistérios na Chapada Diamantina

A Chapada Diamantina guarda muitos segredos e atrativos magnéticos. Ela é referência mundial em turismo de lazer e ecoturismo, e quem já visitou esse santuário ecológico, tem boa noção da energia positiva que emana no local.

As histórias, casos e mistérios locais, todavia, não se restringem ao campo esotérico. Um desses enigmas, e que ainda hoje intriga o meio científico, está relacionado à origem primordial dos diamantes encontrados na região.

Apresentaremos um conjunto de postagens que abordará o assunto em pauta, e que elencará hipóteses concernentes às possíveis origens dos diamantes na região.

As informações a serem disponibilizadas incluem aspectos gerais, histórico da exploração na Chapada, contexto geológico, conceito de diamantes, entre outros. Os textos foram extraídos e resumidos a partir de alguns capítulos de minhas dissertações relacionadas ao tema.

Neste post serão abordados os seguintes aspectos:

  • Introdução e apresentação ao tema;
  • Localização e acesso à Chapada Diamantina; e
  • Aspectos fisiográficos: relevo, clima e hidrografia

Introdução

O Brasil, entre os séculos XVIII e XIX, foi o maior produtor mundial de diamantes, cujas sedes eram Minas Gerais (Diamantina) e Bahia (Chapada Diamantina). Esses locais estão geneticamente conectados e inseridos no Supergrupo Espinhaço, e em ambos, a explicação da origem dos diamantes encontrados na região permanece desconhecida.

Após a descoberta na África do Sul de diamantes em aluviões e em ocorrências relacionadas a corpos kimberlíticos, por volta de 1871, a produção nacional entrou em declínio e estagnação, gerando desinteresse dos pesquisadores e retração de investimentos por longo período.

Com a descoberta de diamantes em fontes primárias na Bahia, na região de Nordestina, refloresceu a vocação da pesquisa mineral relacionada a este bem.

Esse novo alento para o setor de extração e produção, que está outra vez recolocando o Brasil entre os maiores produtores, desperta a necessidade de pesquisas acadêmicas, de campo e laboratório, no intuito de incrementar o conhecimento e avanço científico. Esses subsídios teóricos são imprescindíveis para alicerçar investimentos em atividades exploratórias.

Localização e acesso à Chapada Diamantina

A área de estudo localiza-se na parte central do Estado da Bahia, inserida na
Chapada Diamantina, na borda leste da Serra do Sincorá.

Distribui-se entre: a) Lençóis – aluviões do rio São José e Santo Antônio; b) áreas inundadas do Pantanal do Marimbus; e c) Andaraí – planície aluvial do alto rio Paraguaçu (Figura 1 – A, B e C).

Os Diamantes e Seus Mistérios na Chapada Diamantina
Os Diamantes e Seus Mistérios na Chapada Diamantina
Figura 1: Mapas de localização da área delimitada para a pesquisa. A – Localização do Estado da Bahia; B – Localização da Chapada Diamantina; C – municípios da área de estudo.
Fonte: A – Pereira et al. (2017); B – Guadagnin et al. (2013); C – Elaborado pelo autor a partir do Software ArcGIS versão 10.4, com o uso de bases vetoriais obtidas do IBGE.

Como chegar a Lençóis, Andaraí e região: O acesso rodoviário regional a partir de Salvador é possível através das seguintes etapas:

I – BR-324, de Salvador até Feira de Santana;

II – BR-116, até o entroncamento com a BR-242;

III – BR-242 até acesso a estrada BA-142, que interliga as cidades de Andaraí e Mucugê.

Por via aérea é possível o acesso partindo do aeroporto de Salvador até o aeroporto Horácio de Matos em Lençóis. Do aeroporto até Lençóis pela BR-242 e BA-850, são 20 km.

Já desse aeroporto até Andaraí segue na BR-242 no sentido Itaberaba, e entra no acesso para a BA-142 até a sede municipal de Andaraí (Figura 2 – A e B).

Os Diamantes e Seus Mistérios na Chapada Diamantina
Os Diamantes e Seus Mistérios na Chapada Diamantina
Fonte: A) Elaborado pelo autor a partir do Software ArcGIS versão 10.4. B) Obtida a partir de imagens de satélite do Google Maps (2019)

Aspectos Fisiográficos (relevo; clima e hidrografia)

Relevo: a Chapada Diamantina faz parte de uma extensa região de altiplanos que está localizada nos estados da Bahia e Minas Gerais, e cujas altitudes variam entre 700 e 1600 metros. Este conjunto de relevos serranos pertence ao prolongamento orográfico denominado serra do Espinhaço.

Através dos seus imponentes paredões rochosos, separa o vale do rio São Francisco, situado a oeste, dos terrenos que a leste se estendem até o litoral. As altitudes médias encontradas estão em torno de 1.000 metros, com picos de até 1.700 metros.

Na parte leste da Serra do Sincorá, que engloba a região de Andaraí, as cotas topográficas variam em torno de 350 a 600 metros (ANDRADE, 1999) (Figura 3).

Os Diamantes e Seus Mistérios na Chapada Diamantina
Figura 3: Modelo Digital de Elevação da região de Andaraí-Lençóis a partir dos dados da missão Shuttle Radar Topography Mission (SRTM). Os pontos pretos se referem a ocorrências diamantíferas na região, com destaque, na área de estudo (retângulo vermelho), para locais de pláceres em cotas altimétricas inferiores.
Fonte: Jarvis et al. (2008)

Clima: o clima regional é tipicamente tropical semi-úmido, com precipitações máximas na primavera e verão, e mínimas no outono e inverno, com períodos de estiagem de quatro a seis meses. Os índices pluviométricos variam de 750 mm a 1000 mm anuais.

As chuvas são mais abundantes na vertente oriental da Serra do Sincorá, onde ocorrem manchas de clima tropical úmido, em função da penetração dos ventos alísios.

Em Lençóis, a pluviosidade média é de 1.363 mm anuais. A amplitude térmica é marcante, e as temperaturas em geral são amenas, com a média do mês de julho de 16,4ºC e média anual inferior a 20ºC (BOMFIM et al., 1994).

Na porção leste da Serra do Sincorá no entorno de Andaraí, a temperatura média anual é de 28ºC.

Hidrografia: o sistema hidrográfico é caracterizado, na sua maioria, por rios com cursos controlados estruturalmente pelas grandes fraturas e regime torrencial (BOMFIM et al., 1994). Apresentam margens escarpadas, e os vales íngremes e profundos foram escavados nas formações areno-quartizíticas.

Os principais rios regionais são o São José, o rio Preto, o Santo Antônio e o Una, sendo os dois últimos os principais afluentes do Rio Paraguaçu, que nomeia a principal bacia hidrográfica do estado.

A maior parte dos garimpos diamantíferos, onde ocorrem rochas quartzito-conglomeráticas, localizam-se nas drenagens do domínio da Serra do Sincorá (ANDRADE, 1999).

Referências

ANDRADE, Cláudio Meira de. Aspectos mineralógicos, geológicos e econômicos de diamantes e carbonados da Chapada Diamantina, Bahia. 1999. Dissertação (Mestrado em Mineralogia e Petrologia) – Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999. doi:10.11606/D.44.1999.tde-11092015-092638. Acesso em: 2017-08-21.

BOMFIM, Luiz Fernando Costa; CAVEDON, Ari D. Projeto Chapada Diamantina: Parque Nacional da Chapada Diamantina – BA, Informações Básicas para Gestão Territorial: Diagnóstico do Meio Físico e da Vegetação. Salvador: CPRM/IBAMA, 1994. 104 p., 9 mapas. in http://www.cprm.gov.br/

BORGES, Ricardo. Degradação ambiental e poluição dos rios do Parque Nacional da Chapada Diamantina por atividades garimpeiras – consequências sócio-econômicas e ambientais. Universidade Federal da Bahia – Mestrado em Economia Ambiental. UFBA. Salvador, 2005.

GUADAGNIN, Felipe; CHEMALE JR, Farid; MAGALHÃES, Antônio J.C; SANTANA, Ana; DUSSIN, Ivo; TAKEHARA, Lucy. Age constraints on crystal-tuff from the Espinhaço Supergroup — Insight into the Paleoproterozoic to Mesoproterozoic intracratonic basin cycles of the Congo–São Francisco Craton. Elsevier, Gondwana Research. 2013.

PEREIRA, Ricardo Galeno F. A.; ROCHA, Antonio J. D.; PEDREIRA, Augusto J. Geoparque Serra do Sincorá (BA) – Proposta. MME-CPRM, 2017.

Ricardo Borges

Economista, geólogo e músico autodidata. Trabalha com publicidade e consultoria em marketing digital. Criador de conteúdo e pesquisador nas áreas de geociências e astronomia.

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