Agrotóxicos POPs – Poluentes Orgânicos Persistentes
Os agrotóxicos Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) são compostos orgânicos sintéticos que apresentam algumas propriedades químicas e físicas nocivas aos ecossitemas e seus integrantes vivos.
Apesar de terem sido banidos pela Convenção de Estocolmo (2001), e de aconselhamento de descontinuação de aplicação, a utilização dos poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) ainda ocorre de forma clandestina.
A gestão do governo Bolsonaro permitiu ainda mais a utilização em maior escala destes agrotóxicos, que geram uma série de danos ambientais e ecossistêmicos, à saúde humana, bem como acarretam o fenômeno de destilação global, que pode contribuir para desequilíbrios climáticos.
Entre as principais características fisico-químicas dos POPs encontram-se a semivolatilidade, a persistência, a bioacumulação e a toxicidade.
Semivolatilidade
A propriedade dos POPs que possibilita a sua grande mobilidade através da atmosfera é a semivolatilidade. Ao serem utilizados, de forma industrial ou agrícola, estes compostos semivoláteis lentamente evaporam e ficam em suspensão aérea.
As correntes de ar em circulação então transportam essas partículas por longas distâncias até que elas alcancem regiões mais frias do globo, em altas latitudes. As temperaturas mais baixas reduzem a energia cinética das moléculas sintetizadas, que perdem movimento e sofrem condensação.
Esta alteração de estado da matéria, de gasosa para líquida, promove a acumulação por gravidade das partículas no solo e nos mananciais hídricos destas regiões frias, e consequentemente, a sua contaminação.
Este fenômeno, oriundo do uso de POPs na indústria e em agrotóxicos, é conhecido como destilação global, que se caracteriza pela produção e aplicação dos POPs em regiões tropicais e temperadas, e, após transporte atmosférico de longo alcance, transcorre condensação em regiões frias e longínquas.
Pesquisas identificaram altas concentrações dessas substâncias tóxicas em ecossistemas e em seres humanos de regiões próximas aos pólos, onde as mesmas nunca foram utilizadas.
Persistência, bioacumulação e toxicidade
Os agrotóxicos POPs apresentam outras características físico-químicas que em conjunto com a semivolatilidade, geram uma série de danos ambientais de difícil remediação, quando o contaminante agrega-se ao solo ou águas subterrâneas.
A Persistência é a tendência de uma substância em permanecer no ambiente por longo tempo pela resistência à degradação química e biológica, inclusive aos efeitos de processos microbianos.
Os Poluentes Orgânicos Persistentes não se deterioram facilmente. Eles resistem à degradação e são altamente estáveis. Estas características possibilitam que os seus componentes perseverem na natureza.
A bioacumulação é a capacidade das substâncias orgânicas sintéticas de se acumular em organismos vivos que os absorvem. O processo pode ocorrer de duas maneiras, ou mesmo simultaneamente:
Direta – quando ocorre assimilação a partir do meio ambiente (solo, sedimento e água); indireta – ingestão de alimentos impregnados dessas substâncias. Nos ambientes aquáticos geralmente ocorrem esses processos de forma simultânea.
O acúmulo progressivo desses poluentes ao longo da cadeia alimentar, entre os níveis tróficos, é conhecido como biomagnificação. Geralmente os predadores do topo apresentam maiores concentrações dessas substâncias em relação aos seres das hierarquias inferiores.
A toxicidade é o grau ou capacidade de uma substância nociva gerar malefícios para um organismo vivo ou para seus órgãos. Os POPs são agentes tóxicos carcinogênicos, e que podem causar sérios problemas à saúde.
Entre eles é possível elencar alguns tipos de câncer, malformações de nascença, disfunções nos sistemas imunológico e reprodutivo, maior susceptibilidade a doenças e diminuição da capacidade mental.