A Pandemia e o Ócio Criativo

Equilíbrio entre trabalho, estudo e lazer

No livro O Ócio Criativo (2000), o sociólogo Domenico De Masi postula que o modelo de atividade econômica ocidental gera constantes inquietudes sociais, e concentra-se na primazia do trabalho, do mercado e da competitividade. Em contrapartida, esse autor propõe um modelo alternativo de produção que mescla e busca o equilíbrio entre trabalho, estudo e lazer.

A partir do atual panorama social de crise pandêmica percebe-se que muitas dessas ideias podem ser aplicadas. Em função da redução do tempo demandado para o trabalho e da necessidade de isolamento domiciliar periódico.

O tempo livre compulsório deve ser valorizado, e, quando devidamente utilizado, poderá gerar contribuições para o crescimento pessoal, familiar e para a sociedade.

Criatividade e incremento produtivo

Os avanços do conhecimento e criatividade humana oriundos da racional utilização do tempo livre, são ferramentas que a longo prazo fornecem soluções para a confrontação das crises econômicas e depressões, porquanto proporcionam incremento de produtividade, gerando o aperfeiçoamento do processo de produção e distribuição da riqueza.

O atual período é propício para a valorização das reais necessidades humanas e minimização das fontes de conflitos entre pessoas e grupos. É um momento adequado para a promoção da conscientização e de práticas necessárias e fortalecedoras da qualidade de vida, a exemplo da introspecção, das relações interpessoais e das atividades lúdicas.

As práticas educativas e recreativas com os filhos, a leitura e reflexão, novos aprendizados e aperfeiçoamentos técnicos, entre outras atividades, contribuem para um uso consciente e prazeroso do tempo. Gradativamente fomentam a criação de valores que favorecem o trabalho, a distribuição de renda e a difusão do saber na sociedade.

Uma boa qualidade de vida proporciona bem estar e satisfação pessoal, que são os principais propulsores da criatividade e da imaginação inventiva.  Os tempos de crise são também períodos de aprendizado e autoconhecimento, e os momentos introspectivos são propagadores de mudanças.

As oportunidades de reflexões advindas da atual pandemia do coronavírus são fundamentais e devem levar em consideração as relações sociais e a conduta do ser humano em relação ao meio ambiente.

As relações produtivas e a exploração dos escassos recursos naturais do planeta necessitam de readaptação. Para isto, é imprescindível uma visão holística, ecológica e de abordagem integrativa da natureza.